Uma das estratégias muitas x adoptada pelo génio humano é o positivismo pessimista. Com esta abordagem não há perdas, não há danos, e absolutamente tudo o que acontece é mais do que se espera. É uma excelente estratégia para lidar com adversidade, e funciona como controle de danos. Durante muitos anos tive esta abordagem, e funcionou muito bem sem nunca ter projectado a imagem de uma pessoa pessimista e negativa.

No entanto a estratégia deixa de funcionar quando mesmo apesar das previsões de cenários pessimistas a realidade prova que os teus modelos ficam muito aquém do que pode acontecer, e te troca por completo as voltas àquilo que tinhas previsto ser mau, acontece muitas x pior e deixa te sem um plano aonde estás confortável e sabes aonde pisar

O optimismo que parece à primeira vista um suicídio ideológico, ao mesmo tempo que uma excelente fonte de frustração torna se uma politica aliciante por alguns dos motivos que vou tentar expor.

Tal como acontece com a abordagem coragem/conservadorismo, é preciso observar o optimismo de um prisma diferente do que normalmente é visto. Optimismo não é forçar-se a estar todo o tempo feliz, não é pensar que tudo vai correr da melhor forma, e não é ser se um sonhador irresponsável, mas provavelmente tudo isto acontece como consequência de um espírito que na sua génese é optimista.

Optimismo é acima de tudo um acto, um posicionamento generalizado perante o que não é self. Não exige esforço e não é artificial, embora não dependa inteiramente do self para o despoletar de acontecimentos que permitem que se instale de forma permanente. Alguma sorte e "coragem" fazem parte do jogo.

Quando a abordagem pessimistica não resolve todos os problemas, e parece não haver um meio termo nas tendências de escolha pois tens de levar tudo a um dos dois extremos (num futuro próximo escrevo sobre a questão da bipolaridade da natureza), naturalmente que o optimismo surge não como uma opção corajosa, como a natural.

É facto que implica um risco muito maior, e que aparentemente vai apresentar muito mais vezes num resultado insatisfatório, mas o que tenho experenciado à já 5 meses consecutivos surpreende. O optimismo conjugado com o número de "riscos" que se toma faz aumentar incrivelmente o ratio de respostas positivas do exterior, não só em número (consequência das vezes que se aposta), mas em percentagem. É puro misticismo mas de facto quanto mais positivo, mais as coisas correm bem. Dois campos que experiencio sistematicamente o que acabei de dizer são o profissional, e o voo livre.

Auto-confiança e optimismo é uma mistura bombástica e muito sedutiva para qualquer um que está à nossa volta.



A coisa mais arriscada que se pode fazer em determinado momento da nossa vida é não arriscar. Nada é permanente, tudo é uma questão de tempo. Logo que isto foi interiorizado passei a viver num estado superior à natureza., tudo à minha volta se alterou.
Bom ou mau não é uma propriedade inerente às coisas, é a forma como as vemos

Nos últimos tempos teem sido frequentes certos comentários que oiço elogiando a minha coragem de ter vindo para Genève à aventura (qual Christopher McCandless)

Pensei que finalmente era exemplo de alguma coisa que os outros gostavam de seguir (embora ninguém siga). Depois chateei me com o elogio porque só quem não conhece o processo é que pode dizer isso.

A verdade é que nao há nada de coragem em todo este processo. Muito pelo contrário.
Tenho medo de errar, tenho medo de perder oportunidades, tenho medo de não viver tudo o que está ao meu alcance, de não ser tudo o que posso, de não fazer tudo o que a minha liberdade permite. Como tal, só havia uma coisa que eu podia ter feito. Coragem não foi vir, era ficar. Aquele que não se conhece é sempre um caminho potencialmente fantástico. Optar por ele não é mais que o uso racional da inteligência, nada de coragem nisso.

Coragem tem quem tem uma vida e não a vive. É audaz quem não se mexe, quem não arrisca, pois isso vai contra a própria natureza de um mundo que é entrópico e incógnito. E eu, eu não gosto de contrariar a natureza.

E de repente tive de reaprender a viver.
E depois do reset é aprender tudo do zero.

Como me comunicar em francês? Como escrever aquela linha de código numa linguagem nova? Já não bastava perceber pouco do que estou a fazer, ainda tenho de perceber pouco em francês. Tudo leva me 4x o tempo normal.

Portanto subir a montanha é duro, e daí?

A vista é literalmente magnifica e a descrição do que me rodeia e do que me acontece toca os limítes do estúpido em todo o espectro positivo..

Pensando bem apesar da história pela montanha acima ser difícil, ficar no acampamento base é bem pior.

Rockstar!